Olho para trás e confirmo que fizemos um bom trabalho enquanto pais. O meu coração está preenchido... os meus filhos estiveram sempre em primeiro lugar!
Vi e toquei nos meus filhos quando disseram Olá para o mundo.
Estive presente no primeiro olhar, no primeiro sorriso, na primeira palavra, no primeiro gatinhar, na primeira papa.
Mimei-os depois de levarem as vacinas. Levantei-me uma e outra e outra vez, para acabar com os sonhos maus.
Estive presente em todas as festas da escola, em todas as exibições e graduações das suas atividades e em todas as reuniões escolares.
Massajei as suas pernas que insistiam em doer durante a noite.
Acordei mais cedo e deitei-me mais tarde para preparar as suas lancheiras para a escola, de forma a garantir a presença dos nutrientes essenciais.
Quantas vezes ouvi que era a melhor mãe do mundo e outras que era muito má.
Vezes sem conta, disse e digo: não; vezes sem conta, elogiei e continuo a elogiar.
Fui e sou uma mãe atenta e presente.
Agora, os meus "bebés" estão a transformar-se em futuros adultos e esta mudança não é fácil de aceitar.
Porque amo tanto os meus filhos, deixo as minhas asas levantarem-se aos poucos: está na altura de assistir um pouco de longe e mais alto ao seu crescimento.
Agora, tenho de acreditar que o amor, a educação e os valores transmitidos vão servir de base nas suas decisões.
Neste momento tenho dois adolescentes e precisava que nos meus genes estivesse incluído um manual de instruções.
Não há pais perfeitos, nem filhos perfeitos! Admitir isto, é amar.
Tantas teorias, tantos livros, tantas opiniões, o que está certo, o que está errado sempre foi e sempre será assim.
A Terra treme por baixo dos nossos pés. Até onde deixamos esticar a barreira?!
Amar, também é "deixá-los partir", é perceber que eles conseguem sobreviver sem nós.
É preciso desenvolver uma carapaça e não dar importância àquilo que no dia seguinte já não interessa.
Querer facilitar-lhes a vida, evitando que errem, como nós errámos enquanto adolescentes, é para esquecer. Que lição dura de aprender!
Pois é... mas errar também é crescer!
Resta-nos estar sempre prontos a ouvi-los, disponíveis mesmo que possamos ser as últimas pessoas com quem querem falar.
Tudo é problema: a borbulha que apareceu no centro da face, o cabelo que não recebe bem o gel, um músculo que deveria ser maior , o cabelo que deveria ser liso mas é encaracolado...tudo razões para o mau humor matinal...
Mas a mãe tem as costas largas e deveria ter a solução para tudo. A mãe passou "a ser mais chata que a dos outros amigos, porque quer saber para onde vamos, com quem vamos e a que horas chegamos".
Também passa o tempo " a pedir para nos endireitarmos, para deixar o telemóvel sossegado e para nos deitarmos cedo".
Li que os pais envelhecem 15 anos durante a adolescência dos filhos. Que sorte a minha serem adolescentes ao mesmo tempo!
Apesar destas transformações, os meus filhos sabem que o meu colo está sempre disponível, mesmo sendo o seu corpo maior que o meu.
É tão bom perceber que ainda somos os seus pilares. Preocupam-se se estamos tristes ou aborrecidos, querendo saber a causa. Pedem opinião, mesmo que a seguir a contestem. Sabem que há regras e fazem por cumpri-las. Pedem autorização em várias situações em que poderiam não a solicitar. Continuam a gostar do nosso beijo de boa noite, do aconchego dos lençóis e de ouvir que os amamos.
Fico feliz por ver que se preocupam com as questões humanitárias e ecológicas. E que apesar de adorarem estar com os amigos, a sua família está sempre em primeiro lugar.
Sim... confirmo, não é fácil ser mãe de adolescentes! Os pais deixaram de ser os seus heróis e passaram a ser homens da pré-história.
Por seu lado, os adolescentes são invadidos por um turbilhão de emoções difíceis de controlar. E nós, como pais, temos o dever de os ajudar a encontrar o seu lugar no mundo.
Acabo como comecei - a melhor prenda que podemos dar a um filho, mesmo adolescente, é o nosso tempo, a nossa atenção e o nosso amor.
Fique bem.
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